Publicado originalmente na FranceTv Sport
Por Mathieu Aellen
Tradução: Valeria Lima Salem
Menos de três semanas após os Jogos Olímpicos, o Rio reacendeu a chama com a abertura oficial da 15ª Paraolimpíada entre o desafio financeiro e a busca de fervor popular. No gramado do mítico Maracanã, os 4300 atletas desfilaram sorridentes durante uma cerimônia que abriu os dez dias de competição. Sob a chuva, o nadador Daniel Dias acendeu a pira olímpica.
De repente, as luzes do Maracanã se apagaram, deixando espaço para milhares de pequenas luzes positionadas nas arquibancadas do templo do futebol brasileiro. Apesar da preocupação com a participação do público nestas Paraolimpíadas versus o otimismo dos organizadores, a cerimônia de abertura conseguiu reunir o público carioca, que veio em peso para acolher e saudar as 161 delegações que desfilaram esta noite.
SAMBA E VAIAS
Entre dançarinos em cadeiras de rodas, balões gigantes e protestos políticos, o Rio deu o pontapé inicial dos Jogos Paraolímpicos, pela primeira vez na América Latina. Na ausência do presidente do Comitê Olímpico Internacional Thomas Bach, a cerimônia começou com os saltos acrobáticos estonteantes do atleta americano Aaron « Wheelz » Fotheringham, que se lançou com a cadeira de rodas em uma rampa 17 metros, como se estivesse esquiando, sob os aplausos do público. Uma noite de orgulho para o país anfitrião, no ritmo da bossa nova e do samba, com João Carlos Martins, tocando o hino brasileiro no piano diante de um tifo representando a bandeira do país.
O fervor dos Jogos, contudo, não permitiram aos brasileiros esquecer as tensões políticas e sociais que agitam o país há vários meses. O novo presidente do Brasil Michel Temer foi vaiado aos gritos de « Fora Temer » (« Out Temer ») por vários milhares de espectadores quando apareceu no telão do estádio, antes mesmo de declarar abertos os Jogos Paraolímpicos, quando foi novamente vaiado. O presidente do Comitê Organizador, Carlos Arthur Nuzman, também foi amplamente vaiado quando agradeceu o envolvimento do governo na preparação destes jogos.
AQUI BATE O CORAÇÃO DO RIO
Liderados pelo nadador sírio Ibrahim Al Hussein, membro da primeira equipe de refugiados Paraolímpicos, os 4.300 atletas começaram, em seguida, um desfile ao som da música brasileira. Se o país anfitrião recebeu, obviamente, a melhor acolhida, a delegação francesa e seu carro-chefe Michaël Jeremiasz também desfilaram sob os aplausos do público, assim como todas as 161 nações representadas nestes Jogos Paraolímpicos. Cada uma veio com um pedaço de um quebra-cabeça que, combinados, criaram um coração que ganhou vida no centro do estádio do Maracanã, dando o tom ao show do projetado pelo designer Fred Gelli, o escritor Marcelo Rubens Paiva e o artista Vik Muniz, com o tema « Cada corpo tem um coração. »
Como um símbolo, a chuva que tinha fechado os Jogos Olímpicos há menos de três semanas apareceu novamente na entrada da chama no interior do Estádio do Maracanã. O longo caminho foi finalizado pelo nadador Daniel Dias, último portador que teve a honra de acender, novamente, a pira olímpica no Rio. Um gesto forte que marca o verdadeiro início para os 4300 atletas, todos prontos a lutar em campo para esquecer sua deficiência.