Traduzido da radio « Europe 1 » – 05/09/2016 por Valéria Lima Salem
Os manifestantes acreditam que a destituição de Dilma Rousseff é um « golpe de estado » e pedem novas eleições no Brasil
Dezenas de milhares de brasileiros que apoiam a ex-presidente de esquerda Dilma Rousseff, destituída na quarta-feira, marcharam pelas ruas de São Paulo no domingo contra o seu sucessor, Michel Temer, que minimizou o evento.
Um « golpe de estado ». « Fora Temer! », « Diretas já! » podia ser lido em bandeiras empunhadas por cerca de 100 mil manifestantes, segundo os organizadores, que enchiam a principal avenida da capital econômica do país. Eles argumentam que a demissão de Dilma é um « golpe » e pedem novas eleições.
O Senado depôs Dilma Rousseff na última quarta-feira por maquiagem de contas públicas. Michel Temer, ex-vice-presidente de Dilma pelo partido de centro-direita PMDB e que tornou-se seu rival, assumiu o poder até 2018, apesar de ter o mesmo baixo índice de popularidade da dirigente do PT.
« Pequenos grupos de predadores ». No final da manifestação, houve confrontos com a polícia, que dispersou os manifestantes com gás lacrimogêneo, segundo o site G1. Outros eventos semelhantes nos últimos dias também terminram da mesma forma.
Michel Temer, que viajou para a China para participar do G20 poucos dias depois de assumir o cargo, disse que os manifestantes eram « pequenos grupos de predadores. » « São pequenos grupos, pequenos grupos (…) Eu não tenho os números exatos, mas há 40, 50, 100 pessoas, não mais. Comparado aos 204 milhões de brasileiros eu acho que é insignificante « , assegurou, citado pela mídia.
40 pessoas contra 100.000 « O presidente golpista do Brasil disse que éramos 40 pessoas. Aqui estão 40 pessoas, estamos quase 100 mil em toda a Avenida Paulista », respondeu Guilherme Boulos, do movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que convocou a manifestação junto com outras organizações de esquerda.
Alguns manifestantes queimaram um caixão de madeira com um boneco de Michel Temer. Uma mulher posou com um cartaz que dizia, em inglês: « Dilma ainda é a presidente do Brasil. »
« Todo o processo contra Dilma (Rousseff) foi horrível. E pelo que vejo hoje, acho que (o movimento) pode continuar a crescer », disse à AFP Rita Gomes, uma professora de 30 anos que protestou em São Paulo.
O evento aconteceu no final da tarde para não atrapalhar o revezamento da tocha para os Jogos Paraolímpicos, que começam daqui a três dias no Rio de Janeiro, onde cerca de 2.000 pessoas também se manifestaram.
Clique para acessar o link da reportagem original em francês